Minha visão política

Atualização 2023-10-18: Atualmente sigo apenas o princípio da não-agressão, então o que escrevi em 2016 mudou drasticamente. Deixo aqui para fins históricos.

Se tem algo que é difícil de descobrir, principalmente no Brasil já que as definições sobre espectro político são distorcidas por aqui, é saber em qual definição você se situa, seja de esquerda, centro ou direita, além de várias outras. Por isso sou totalmente contra quem rotula, prefiro entender se o que a pessoa pensa é politicamente, administrativamente e em função de amostras/fatos melhor para a sociedade ou não. Ou seja, tem diversas ações da esquerda que complementam da direita e vice-versa.

Um amigo acabou compartilhando comigo um site que faz o teste de coordenadas políticas. É como se fosse o quadrante mágico do Gartner. Existe uma teoria/abordagem adotada para justificar em qual quadrante melhor se encaixaria a você mediante suas respostas, embora tenha fraquezas e limitações (ao término do teste é informado os detalhes). Enviei e obtive respostas de pouco mais de 37 colegas e acredito que sejam confiáveis.

Pelo o que já debati por aí, diria que uma parte considerável das pessoas primeiro rotula as outras para colocá-las em um lado (bem ou mal) para assim começar os ataques, em vez do debate de ideias. É quase aquela defesa cega de time de torcida, e quando existe um paradoxo teórico por falta de conhecimento, o negócio acaba piorando chegando ao ponto do extremismo. Isso é muito comum nas redes sociais. Um exemplo interessante é quando alguém afirma que é favor do livre mercado, estado reduzido, saúde e educação universais e a favor também das liberdade individuais com responsabilidade, ou seja, por exemplo, como a liberação do casamento homossexual ou o consumo recreativo de maconha. Simplesmente a pessoa menos esclarecida não entenderá pois não fará sentido um indivíduo rotulado por ela como direita ser a favor dos itens mencionados após o "estado reduzido", na visão dela seria um cara a favor da ditadura, extrema-direta e tortura. O mesmo acontece quando alguém rotula um outro como de esquerda alterando algumas definições. Pura bobagem. Essa valorização da ignorância e rotulagem é fomentada por muitos políticos e até mesmo nas escolas, quando alguém escreve coxinha, petralha e afins já temos uma noção da "dialética" que seguirá. É algo que mudará, mas acredito que depois de muito tempo. Na verdade o debate deveria ser voltado em quais práticas dão resultados ou não por meio de experiências, o que em função do fato é melhor para sociedade e o que funciona no mundo afora, levando em consideração sempre a conjuntura, e não focar na rotulagem e briga de futebol. Se existe um caminho melhor, vamos por ele. O livro Startup Enxuta do Eric Ries ensina muito sobre isso.

Voltando ao teste, ele é composto de 36 sentenças e cada uma deve receber um voto mensurável de 5 valores possíveis, sendo discordo na esquerda, neutro no meio, concordo na direita, e com um valor intermediário entre eles. A minha coordenada política resultou em 50% de direita e 22.2% de liberal (vide figura dos quadrantes). A ferramenta somente gera a saída do quadrante, já as perguntas tive que copiar e colar na mão cada uma junto com sua respectiva resposta. Para ver melhor as respostas/perguntas da figura sugiro abri-la separadamente para poder dar zoom. Para não deixar muito longa a postagem, seguem justificativas sucintas para cada ponto:

  1. Não discordei totalmente pois os indivíduos precisam ter a liberdade de escolher entre uma oportunidade e outra dada suas expectativas, se elas são atingidas ou não. Entretanto nem sempre é assim, muitos usam o benefício para ficarem na mamata o máximo que puderem.
  2. O problema disso é quanto ocorre um acidente, que é tão comum no Brasil, e inflige custos onerosos ao SUS. Se o cinto é para aumentar a probabilidade de sobrevivência, por que não usá-lo?
  3. Entendo que o governo deve prestar serviço de excelência em saúde, educação, segurança, justiça e fiscalização para manter que o livre mercado entre os indivíduos funcione de maneira justa bem como outras esferas. O problema não é o empresário e sim os bandidos que existem em qualquer lugar. O tal do "Estado empresário" mais prejudica que ajuda. Eu não discordei totalmente pois dependendo do propósito é viável. A solução para a crise de 1929 é interessante, mas ainda cabe debate (vide vídeos/documentos do Hayek).
  4. Acredito que a democracia seja o grande super trunfo da civilização ocidental, logo as ideias da Grécia Antiga sejam mais beneficentes.
  5. Isso cabe análise. Certas culturas cultuam bem isso como na Inglaterra e outras não tão bem gerando até atritos por existir castas minando a liberdade de um indivíduo que não seja fidalgo de crescer.
  6. Bom, se o propósito é manter a segurança, é compreensível os programas. Nunca deve-se confiar na paz plena. O mal sempre existirá, mas o complicado é quando o vil é justamente quem implementa o programa, então como resolver?
  7. O livro "Os Axiomas de Zurique" do Max Gunther elucida algumas coisas a respeito de ações, e resumindo não é menos desejável, muito pelo contrário. É um direito especular seu dinheiro por exemplo num possível crescimento de uma empresa e do governo de fiscalizar as irregularidades. As consequências penosas estão no filme "O Lobo de Wall Street".
  8. É um assunto delicado e por isso não concordei totalmente. Por exemplo, se o indivíduo desejar e não existir qualquer meio para aliviar sua dores intensas ou salvá-lo de sua proeminente morte, por que não?
  9. Programas de incentivo por tempo determinado para estimular um sistema mais sustentável são mais agradáveis que impostos. Na ausência de mudança, acredito que uma multa severa seja melhor e mais danosa que impostos pesados.
  10. Emprego se protege incentivando o empreendedorismo, eliminando monopólios, oligopólios e desenvolvendo pessoas. Geralmente os políticos brasileiros enxergam a solução para tudo no imposto. Vide a CPMF defendida pela Dilma.
  11. Se isto acontecer, não existirá justificava para um CEO mudar de empresa a princípio. E toda boa gestão é endossada por um bom líder, na ausência dele, como uma empresa sobreviverá? O Estado precisa focar nas suas atribuições (vide item 3) básicas não no mercado.
  12. Só não discordo totalmente pois existem situações onde essa ação deve ser discutida, mas no geral sou contra. Se um meliante pegou prisão perpétua, seria melhor usá-lo para produzir riquezas trabalhando (sem as liberdades de um indivíduo justo, é claro) do que matá-lo ou alimentá-lo até morrer naturalmente, na verdade isso é um custo pesado ao Estado.
  13. Essa sentença foi muito debatida com a notícia de que 1% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes. Minha resposta para essa questão pode ser vista no aqui.
  14. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um excelente exemplo, embora seu propósito seja bom.
  15. Num primeiro momento acredito que não. Pois sai fora das atribuições primordiais do Estado (vide item 3), contudo, após parar de patinar e ficar mais firme, seria interessante até para disseminar conhecimento e desenvolvimento, mas não estou certo disso.
  16. Uma vez me perguntaram se eu seria a favor ou não e eu respondi: "Acho que não seria essa a pergunta, o correto é questionar se eu sou a favor de me intrometer na vida dos outros ou não".
  17. Sempre existiu prostituição. A sua legalização com as suas devidas restrições acredito que é justa. Aqui entra na mesma situação do item 16 e 35. Proibir não resolve.
  18. Vejo como verdadeiro pois funciona muito bem na Noruega, porém lá a conjuntura é outra e nem todo crime é passível de reabilitação. O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de reincidência criminal em todo o mundo (vide estudo do Ipea), temos um sistema carcerário/prisional que não funciona e que também é bem precário. Por justamente não ter uma base/gestão boa que não coloco como totalmente verdadeira. Para o caso do Brasil, tenho muitas dúvidas.
  19. Se fosse verdade, os países com estatais para tudo quanto é lado seriam reluzentes. A Venezuela é um grandioso exemplo de sucesso. Os melhores países segundo o índice de liberdade humana elaborado pelo Cato Institute em 2015 ilustra bem o porquê do meu posicionamento. OK! É um think tank, então é bom analisar indicadores econômicos também, mas é bom lembrar que a economia não é 100% exata (como a matemática). Fatores sociais e burocráticos, por exemplo, também contam.
  20. Se analisarmos em função da história recente, temos diversos casos. Os extremistas do ISIS são um exemplo. Entendo que toda religião ou pessoa que impõe situações tolhendo os direitos/liberdades dos outros, é um problema a ser solucionado.
  21. É um direito fundamental de todo cidadão, assim como a educação básica (até o ensino médio).
  22. Sentença complexa de ser analisada pois depende da conjuntura local do país, porém em função dos países que funcionam (vide item 19 com o índice), parece ser algo vital o livre comércio, mas claro, com sua devida fiscalização pelo Estado. O Chile é um excelente exemplo de sucesso.
  23. No Brasil você não tem liberdade de omitir o pagamento a um sindicato e geralmente eles estão associados a partidos políticos com forte viés ideológico. Pelo menos aqui está longe de ser algo interessante.
  24. O Estado deve ser laico e cada indivíduo pode acreditar ou não em dogmas. Estorvar e impor uma religião para quem quer que seja elimina a liberdade individual. Sou contra doutrinação.
  25. Acho razoável ter um controle vide item 6, até por questões econômicas.
  26. Igualdade plena não existe, mas pode ser melhorada. No sentido econômico, sempre terá uma parte da população conservadora, que tem medo de riscos, prefere ser empregada e ter uma vida relativamente comum, já uma outra parte quer ser empreendedora e ganhar muito dinheiro, gerando empregos para a primeira parte conservadora, e assim sucessivamente. Para finalizar na questão social, não acho justo compensação histórica pois não vejo sentido arcar com os erros dos nossos antepassados e sou a favor de ajudar quem realmente precisa (como pessoas com deficiência ou pobres absolutos, independente de suas características como peso, cor, etc.). 
  27. Em função do item 20, fica bem explícito o porquê disso.
  28. Causou mal e bem porque muita coisa foi esclarecida embora tenha gerado um rebuliço perigoso. A ação abriu os olhos de muita gente e expôs questões delicadas na mesa para discussão.
  29. Até onde sei as empresas na verdade tentam justamente atender os interesses da sociedade.
  30. Tem países que têm salário mínimo e outros não. Só não concordei totalmente pois é algo que cabe análise, mas considerando os países que não têm (por exemplo Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia e Suíça) até que funciona bem.
  31. Não concordei totalmente pois pode ser uma faca de dois gumes, principalmente em países onde a economia já é caótica e existe muita corrupção.
  32. Quase fiquei no neutro pois não tenho uma opinião bem fundamentada, mas no geral é bom ter cautela e sempre que puder usar a diplomacia onde existe diálogo com apoio da comunidade internacional.
  33. Evidentemente que é uma ferramenta interessante, porém não é crucial e por isso não concordei totalmente.
  34. A princípio não terei problemas, mas a partir do momento que a pessoa passa dos limites como por exemplo dar a entender que está tomando posse, faz imposição aos outros ou promove a beligerância, aí sim estará criando uma situação delicada.
  35. O modelo atual não funciona, fomenta mais o uso da coisa. Eu não sou favor da descriminalização, mas sim da legalização, taxação, regularização e sempre bem fundamentado com fatos científicos. O Dr. Valentim Gentil Filho participou do Roda Viva e um dos assuntos foi esse. Um dado interessante afirmado por ele foi que se um adolescente fumar maconha 1 vez por semana aumenta em 310% o risco de desenvolver esquizofrenia, que é uma doença incurável. O ideal é que a liberação fosse a partir de 21 anos, segundo o Dr. Gentil.
  36. Esse item não poderia ser mais verdadeiro. Reafirmo o que já escrevi nos itens 19 e 22.
Para agregar as respostas dadas, sempre enfatizo a importância de evitar extremismos e enxergar apenas um lado. Temos que visualizar todas as posições e usar o que cada um tem de melhor em função das experiências feitas. Avidez e aversão são terríveis, temos sempre que prezar pela equidade, ética e o debate de ideias.

O Brasil tem muito que melhorar e temos muito pelo o que lutar. Temos potencial para ser um país de primeiro mundo e admirado. Para ser franco, o dia que o nosso país for admirado aí sim poderemos viver com um pouco mais de tranquilidade, até lá, continuarei contribuindo onde posso para pelo menos deixar um lugar melhor do que eu recebi aos meus filhos.

Comentários

  1. Olá, não sei se é o local apropriado, mas anos após a cirurgia ortognatica, você ainda sente algum efeito colateral?

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    1. Realmente não é o lugar apropriado. Sugiro postar a dúvida na própria postagem que relato o pós-operatório na próxima vez. Aproveitando e respondendo sua pergunta, não sinto nenhum efeito, embora a região entre a ponta do queixo e os lábios eu não tenha 100% de sensibilidade, algo próximo de 40%.

      []'s

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